segunda-feira, 13 de setembro de 2010

I am Pango!

Em três meses morando no exterior, achei que já tinha vivido algumas emoções intensas e que meu livro de aventuras já tinha ganhado vários capítulos. Isso eu pensava. Até que na última quarta-feira fui protagonista de um verdadeiro conto policial irlandês, com direito a mocinha, bandido, herói e até atriz coadjuvante. Consegui ser assaltada em plena Europa, e o mais inusitado de tudo, recuperei tudo novamente.
O fato aconteceu na tarde da última quarta-feira numa das principais ruas de Dublin, quando a mocinha pango estava saindo de uma loja abandando inocentemente a carteira na mão, conversando com a amiga, igualmente pango. De repente o bandido surgiu correndo entre a mocinha e a amiga e arrancou a carteira de suas mãos. O que qualquer mocinha faria nesse caso? Gritaria. O que a mocinha pango fez? Correu desesperadamente atrás do ladrão, gritando ‘para’ em bom português. Sim. Correu cerca de uma quadra atrás dele, como se ao alcançasse fosse conseguir fazer algo.
Uma pangozice atrás da outra, mas para o final feliz do conto irlandês, apareceu um herói na história. Sem cavalo branco, num Nissan vermelho mesmo. Ao ver a situação o herói irlandês jogou o carro em cima do bandido, que se assustou e jogou a carteira de volta em cima do carro dele. Restou à mocinha juntar seus bens e agradecer infinitamente ao herói. Caso resolvido e mais uma história pra contar.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Trabalha Ane, trabalha!


Currículo? Diplomas em Jornalismo e Relações Públicas. Experiência? Trabalhei em uma agência de publicidade e uma emissora de televisão. Inglês? Bom. Aceita trabalhar em uma fábrica como empacotadora? Claro. E assim começou minha aventura de um dia como operária na Europa.
Trabalhar sempre esteve nos meus planos de viagem, mas como trouxe na mala meu cofrinho de economias, que ainda existe, tive um pouco de segurança financeira aqui do outro lado do oceano e a oportunidade de ficar dois meses aqui estudando, planejando viagens e claro pensando no futuro. Mas como ‘camarão que dorme a onde leva’, como já diria minha amiga Carol, achei que o tempo de descanso planejamento devia ser encerrado e que esta mais do que na hora de trabalhar.
Na Irlanda são muito comuns os empregos temporários, onde empresas contrataram para eventos ou para trabalhar algumas horas. E foi atrás de uma dessas oportunidades que eu e mais alguns amigos brasileiros nos mandamos pra Dublin 24 (os bairros da cidade são classificados por números ) atrás de uma vaga. Sapatos de segurança, colete luminoso, ficha preenchida e treinamento para começar a trabalhar uma hora depois. Fomos mandados para uma fábrica. O trabalho: empacotar uísques que seriam mandados para os Estados Unidos.
Em uma mesa imensa quatro grupos de pessoas faziam todo o processo de empacotamento. Primeiro operário: colocar os copos. Segundo operário: a garrafa. Terceiro operário (ANE): Montar a caixa. Quarto operário: Fechar a embalagem. Supervisor passando, horas não passando. O processo que no começo se resumia na briga em montar a embalagem, logo se transformou na analise de todo o processo. Era impossível não lembrar as aulas de Relações Públicas e não me sentir protagonista de um filme de Charles Chaplin.  
5 horas de trabalho. 40 euros. Sapatos de segurança. Duas barrinhas de chocolate. Colete luminoso. E uma realidade completamente desconhecida: ser operária por um dia. Quem sabe o Obama ainda não toma um dos uísques que embalei na Irlanda?
 Sapatos de segurança e operárias brasileiras